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A arte ao serviço da vida

Tratar a doença mental pode ir muito para lá dos muros do hospital.

26.08.16 - 00h00

O elenco cativou o público pelo talento e pela determinação, que brilha muito para além do palco. "Gradual in Crise", peça encenada pela companhia de teatro do Grupo de Acção Comunitária, foi apresentada na Lusófona a convite da Escola de Psicologia e Ciências da Vida.

A história deles não é fácil. Superam barreiras todos os dias. O que parece simples, como decorar um texto, para eles é uma grande conquista. Os atores do Grupo de Acção Comunitária (GAC), não são apenas atores, são utentes que possuem doença mental.

Uma IPSS pela integração

Antes do grupo dar início à apresentação da peça, Tomaz Miguéz, psicólogo da GAC, explicou a história do projecto de ação comunitária, que integra os utentes em práticas artísticas.

Uma iniciativa que já conta vinte e um anos e que partiu de técnicos de saúde mental do serviço de psiquiatria do Hospital de Santa Maria. Os profissionais de saúde decidiram criar uma Instituição Particular de Solidariedade Social para promover e criar serviços que promovessem a integração na sociedade de pessoas com doença mental.

Cuidados sem melhorias

Segundo Tomaz Miguéz, antes do GAC ser criado os utentes eram cuidados e tratados maioritariamente em hospitais psiquiátricos e, na maior parte das vezes, esses cuidados não eram os mais apropriados para favorecer melhorias. "Esses cuidados limitavam as pessoas no espaço", diz. "Recordo um psiquiatra brasileiro que dizia que os cuidados eram baseados nos campos de concentração", acrescenta.

O psicólogo considera que há uma necessidade de alterar o modelo de hospital psiquiátrico, para o modelo de integração através de atividades comunitárias e que isso já é uma tendência em diversos países.


Combater a "porta rotativa"

A ideia central dos técnicos que fazem parte do GAC é promoverem serviços na comunidade que combatam o que o psicólogo classifica como "sistema de porta rotativa". As pessoas com doença mental ficam encerradas num ciclo: são atendidas nas consultas do hospital, depois vão para casa, adoecem de novo, voltam a ser internadas.

"Este sistema de porta rotativa não é benéfico para ninguém, nem para o próprio utente, nem para o sistema de saúde, nem para as famílias", sublinha.

Unidos e no seio da comunidade

Para Miguel Tomáz, os internamentos e as consultas são cuidados que não permitem criar uma relação próxima entre técnico e utente, daí a importância de criar serviços na comunidade que são oportunidades para as pessoas terem maior satisfação pessoal em atividades onde há uma ligação mais directa.

A apresentação teatral de 20 de junho durou cerca de 30 minutos e permitiu perceber a união dos atores. Tanto no riso descontraído quando alguém fazia uma pausa, para se tentar lembrar da fala, como no abraço conjunto que marcou o fim da peça.

Jessi Martins
Noticias Lusófona

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