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"Seriam os eleitores de Donald Trump, ignorantes que sofreram lavagem cerebral?"

Jornalista Walter Dean propõe uma reflexão sobre o papel dos Media nas eleições norte-americanas.

25.10.16 - 00h00

No passado dia 10 de outubro, a quase um mês das eleições, os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump e Hillary Clinton, enfrentaram-se novamente num dos debates mais agressivos da história norte-americana.

A agressividade, porém, não correspondeu a uma atitude defensora de projetos e forma de governação, estando sobretudo focada no combate à imagem do oponente, o que foi muito repercutido pelos Media.

Segundo um artigo publicado pelo Observador "nunca se tinha visto nada assim. Houve acusações de violação sexual, ameaças de prisão e um tom anormalmente alto e agressivo. Só no fim, à força, falaram bem um do outro".

Num contexto como este, em que estão envolvidos os candidatos à presidência da maior potência económica mundial, gera-se uma grande preocupação em torno do papel desempenhado pelos jornalistas na cobertura desta eleição.

Numa iniciativa da professora de Jornalismo Político da Universidade Lusófona, Sara Pina, o professor e ex- jornalista da CBS Walter Dean, esteve no dia 11 de outubro, numa aula aberta do curso "Elements of Journalism"- curso de pós-graduação que Walter Dean leciona na Universidade Lusófona- para discutir os principais desafios que os jornalistas têm enfrentado durante esta eleição de "caráter único", salienta o professor. Estiveram também presentes nesta aula, a diretora da Notícias Magazine Catarina Carvalho e o escritor e especialista em politica norte-americana, Germano Almeida.

Nem loucos nem ignorantes

Um dos grandes desafios para um jornalista é ser imparcial mediante a própria opinião. Walter Dean, caracteriza este tópico como um dos mais complexos, por se tratar de uma problemática que tem ocorrido na cobertura da eleição presidencial.

Na opinião do professor, um jornalista precisa de abordar as notícias de forma proporcional para os dois lados "Os eleitores de Trump não são loucos e muito menos ignorantes, não sofreram lavagem cerebral. Há muitos que estão profundamente descontentes com a economia do país, aqueles que não possuem condições de ter uma casa, um bom emprego, encontram-se em más condições e isto pouco tem sido falado".

Em entrevista ao Notícias Lusófona, Walter Dean afirma não apoiar Trump e também acredita que o candidato não deve ganhar as eleições, mas salienta o dever de imparcialidade dos profissionais do jornalismo na propagação das informações.

E quando um candidato é perigoso?

Uma das questões que mais repercutiu no debate foi esta. Walter Dean projetou para a plateia, a capa do jornal The Boston Globe que apresentava como titulo principal "Deportações a começar", em que o jornal previa a vitória de Donald Trump. Entretanto, o jornal aparecia com data para 9 de abril de 2017, ou seja, um ano posterior a sua publicação.


O especialista Germano Almeida criticou a abordagem do Jornal americano e diz que "a função de um jornal não é apostar em futurologia, mas, sim nos factos". A diretora da Noticias Magazine, Catarina Carvalho, afirmou ser este "um comportamento muito comum em nossos dias".

No entanto, a plateia esteve participativa e defendeu a posição do jornal. A professora e diretora do curso de Comunicação e Jornalismo da Lusófona, Carla Cardoso ilustrou no momento, o papel do jornalista em alertar a sociedade para os perigos de um candidato através de uma frase: "Quando alguém acende um cigarro, não podemos dizer que há um incêndio mas, podemos dizer que há fumo e possibilidade deste incêndio acontecer". Conclui.

Jessi Martins
Comunicação Institucional

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