Disciplina Migrações, Identidades e Multiculturalismo

As guerras, as alterações climáticas e as condições de vida adversas em muitos países africanos, asiáticos e latino-americanos têm intensificado os fluxos migratórios intra e inter-continentais. Estes (fluxos) têm sido acompanhados pelo tráfico de pessoas e contrabando de migrantes que não apenas correm risco de vida mas são acolhidos, muitas vezes, em condições incompatíveis com os direitos ínsitos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Face ao incremento da xenofobia em muitos países de acolhimento, os governantes tentam encontrar um equilíbrio entre a orientação identitária e/ou multicultural.

Neste contexto, o conhecimento da natureza das migrações e dos princípios políticos subjacentes às políticas migratórias é importante para a formação dos alunos do Curso de Ciência Política e Relações Internacionais.

Nesta unidade curricular serão analisadas as diferentes formas de migração, as distintas categorias de migrantes, as suas causas e consequências, nomeadamente o crescimento da xenofobia, do racismo, do antissemitismo e da islamofobia. Estes fenómenos serão privilegiadamente analisados à luz das diferentes definições e teorias identitárias e multiculturais. A unidade curricular propiciará a reflexão sobre as vantagens e desvantagens das políticas identitárias e multiculturais, assim como a “Crise dos Refugiados” e a Fortaleza Europa. Por último, a unidade curricular sublinhará o contributo da ciência política para a compreensão dos fenómenos migratórios e avaliação das políticas nacionais e internacionais à luz daquelas teorias. 

Aulas teóricas-práticas serão organizadas por conteúdos temáticos, estimulando-se o envolvimento direto dos estudantes através de debates sobre aqueles conteúdos. A elaboração de fichas de leitura faz parte integrante da avaliação final. Essa ficha de leitura pode ser sobre um artigo, um livro ou um filme relacionado com os conteúdos disciplinares. Filmes como Fuoccoammare (Fogo no Mar), realizado por Gianfranco Rossi e Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2016, relaciona-se com os conteúdos da UC.   

A avaliação compreende duas modalidades em alternativa: avaliação contínua (AC) ou avaliação através de exame.

Na AC, o valor de ponderação dos vários elementos é o seguinte: 50% - teste escrito de avaliação. 40% - elaboração de ficha de leitura de um artigo, capítulo de livro ou filme. 10% - participação nas aulas.

A avaliação por exame consistirá num teste escrito. 

Brettell, C. & Hollifield, J. eds Migration Theory: Talking Across Disciplines, 3 rd ed. London: Routledge, 2015.

Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

Glazer, N. Is Assimilation Dead? The Annals of the American of Political and Social Sciences, 1993, 530, pp. 122-136.  

Kivisto, P. Incorporating Diversity: Rethinking Assimilation in a Multicultural Age, Routledge, 2016.

Kymlicka, W., The Essentialist Critique of Multiculturalism: Theories, Policies, Ethos, Florence: European University Institute, 2014.

Marranci, G., Multiculturalism, Islam and the clash of civilisations theory: rethinking Islamophobia, Culture and Religion 5(1): 105-117

Norman, I. The axis of Hate: Identitarianism, Afroxenophobia, and Vigilantism, European Journal of Development Studies, 2022, 2(5) DOI: 10.24018/ejdevelop.2022.5.168.    

Modood, T.  Multiculturalism, Polity Press, 2007.

Ruiz, M. C. and Ness, I. eds, The Oxforf Handbook of Migration Crisis, 2019.