Jogos sérios: reabilitação divertida

Já pensou se os pacientes pudessem estar a ser tratados, enquanto se divertem? O professor e investigador da Lusófona, Pedro Joel Rosa, procurou avaliar a eficácia do uso de videojogos, apelidados de "jogos sérios", conjugados com o recurso à realidade virtual nas terapêuticas cognitivas.

Doutorado em Psicologia da Saúde, o objetivo principal do investigador é desenvolver técnicas que permitam avaliar, não intrusivamente, capacidades cognitivas, com recurso a eye tracking, psicofisiogia e Realidade Virtual.

Numa abordagem tradicional, com a execução repetida de determinadas tarefas, "o interesse e a motivação dos pacientes poderá desvanecer-se", enquanto que "um jogo sério, além de ser divertido, tem o objetivo primário de melhorar as capacidades cognitivas afetadas", explicou.

Pedro Joel Rosa destaca o uso da realidade virtual, associada a esse tipo de videojogos, na reabilitação. Segundo o investigador, a associação das duas técnicas traz a vantagem de simular a aprendizagem de tarefas reais num cenário controlado e acrescenta: "permite o feedback em tempo real do desempenho, fornecendo aplicações bem personalizadas para a função ou funções cognitivas que se pretende exercitar".

Realidade virtual nos hospitais

De acordo com o académico, existem já hospitais portugueses que implantaram os jogos sérios como práticas terapêuticas. É o caso dos hospitais da Universidade de Coimbra, do serviço de neuropsicologia do Hospital Egas Moniz e do hospital Amadora-Sintra que adotaram o Rehacom, uma ferramenta de treino cognitivo computorizado, mas sem realidade virtual.

Apesar dos altos custos que implica o desenvolvimento da realidade virtual, Pedro Joel Rosa explica que os jogos sérios com esta técnica associada, "serão uma realidade num futuro próximo", em contexto hospitalar. Segundo o investigador, vai ser possível trabalhar com a realidade virtual através de um equipamento low cost, o Samsung VR gear, e o laboratório de psicologia computacional da Lusófona trabalha para impulsionar esse futuro

Reabilitação em workshop

De 13 a 14 de outubro, a Universidade Lusófona recebeu o 4º Workshop Rehab, em parceria com algumas universidades internacionais : University of Castilla-La Mancha, Spain e King Abdulaziz University, Jeddah, Saudi Arabia .

Para Pedro Joel Rosa, que participou nesta iniciativa, este workshop "é um evento de excelência, que permite saber o que de melhor se faz nesta área". O investigador considera "fundamental absorver novos conhecimentos e mostrar, também, que a Lusófona está na linha da frente na investigação em neuroreabilitação".

O encontro reuniu académicos que apresentaram estudos sobre reabilitação virtual, aplicações, técnicas e ambientes de design de interação. Pedro Gamito, vice-diretor do centro de investigação COPElabs da Universidade Lusófona, integrou a comissão organizadora.

Jessi Martins
Redação Notícias Lusófona