Jorge Sampaio apela à paz
Num momento em que "o ódio é evidente", "uma boa governação" é essencial.
03.02.17 - 00h00Com as primeiras medidas de Donald Trump na presidência americana, as palavras de Jorge Sampaio ganham ainda mais atualidade: vivemos "tempos onde precisamos que haja paz". Uma afirmação do antigo Presidente da República durante o jantar-tertúlia "Cidadania, Diálogo e Paz", organizado no final do ano passado pelo Clube de Filosofia Al-Mu'tamid, uma parceria entre a Área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona e a Comissão Social, Cultural e de Formação da Comunidade Islâmica de Lisboa.
Explica Jorge Sampaio que atravessamos um momento de "grande miséria social, onde o ódio é evidente". Por isso, para o ex-Presidente, a paz é uma necessidade urgente, que precisa de ser dialogada. E este é um processo longo, que exige trabalho constante. "A diversidade requer uma boa governação para não haver preconceitos" e para ser possível existir cidadania "independentemente da cor, género ou orientação sexual", afirma.
"A possibilidade de um diálogo em paz", explica Paulo Mendes Pinto, é a motivação que alimenta estes jantares-tertúlia na Mesquita Central de Lisboa, que a 29 de janeiro celebraram quatro anos de edições e procuram ser mensais. Essa motivação assenta num trabalho de diplomacia que Portugal desenvolve há dezenas de anos. "O nosso país tem uma presença longuíssima no que se diz respeito a missões de paz", diz o diretor da área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona.
Tributo a Mário Soares a 7 de fevereiro
A iniciativa divide-se em duas partes. "Primeiro acolhe-se, dá-se alimento, afirma-se o dever de hospitalidade, depois questiona-se", conta Paulo Mendes Pinto. Assim, após cada jantar um tema serve de debate entre as personalidades convidadas. Para o diretor da área de Ciência das Religiões, é muito importante que Portugal esteja nestes debates, porque a Península Ibérica tem mais de meio milénio de anos que a ligam ao estado islâmico. "Olhar, hoje em dia, para o Islão, é também uma forma de nos reencontrarmos com a nossa memória coletiva", considera.
Cada jantar-tertúlia procura ser mais um passo no combate ao preconceito. "Muita gente quando vem aos nossos encontros ainda não conhecem a Mesquita e não imaginam que neste espaço é possível debater", explica Paulo Mendes Pinto. O próximo está marcado para 7 de Fevereiro e é um tributo a Mário Soares, outro antigo chefe de estado português, recentemente desaparecido. No mesmo local, a partir das 19.30. Os jantares têm um custo de 12 euros, em formato buffet, que inclui prato vegetariano. É necessário marcação prévia para creligioes@ulusofona.pt .
Anna Escobar
Redação Notícias Lusófona