
Novo artigo estuda a tomada de decisão ética na investigação narrativa
A função do investigador e a forma como este lida com as complexidades sociais dos sujeitos da sua investigação
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

André Freitas
Como é que investigadores/as se envolvem eticamente com as histórias de vida de outras pessoas? De que forma as experiências emocionais de investigadores/as impactam o desenvolvimento da investigação em educação? Um novo artigo de André Freitas oferece uma perspetiva única sobre as complexidades éticas e emocionais envolvidas na investigação narrativa em educação.
Publicado na International Journal of Research & Method in Education (Taylor & Francis), o artigo intitulado “Decision-making in narrative inquiry in education: ethical gathering, transcription, validation and analysis of lived experiences” explora a forma como o investigador navegou entre decisões metodológicas e vulnerabilidade pessoal ao trabalhar com experiências vividas, em particular em contextos escolares.
O artigo baseia-se na investigação de doutoramento de André Freitas, realizada na Universidade do Porto, em Portugal e no Brasil, onde estudou como as experiências artísticas de professores/as e alunos/as revelam novas perspetivas sobre produção cultural, desenvolvimento profissional e percursos e significados educativos.
As suas histórias autobiográficas, centradas no desejo, paixão, amor e liberdade, sustentam reflexões éticas em quatro momentos-chave da investigação qualitativa: recolha-partilha, tradução, validação e análise. “Quis mostrar que a investigação narrativa não se resume à recolha de dados. Trata-se de estabelecer relações profundamente implicadas na responsabilidade e no cuidado connosco próprios, com as outras pessoas e com as instituições”, explica André Freitas. “As decisões éticas emergem muitas vezes em momentos de silêncio, conexão emocional ou até exaustão.”
O estudo apresenta uma forte argumentação a favor da honestidade emocional e da reflexividade na investigação, especialmente para investigadores/as em início de carreira a trabalhar em contextos educativos. André Freitas destaca o uso intencional de estratégias como o desenho, a narrativa digital e a música, como formas de respeitar a complexidade da experiência humana e preservar a integridade ética.
Entre os principais destaques do artigo encontram-se:
- A utilização de métodos narrativos baseados nas artes para explorar as experiências vividas de professores/as e alunos/as.
- Um enfoque na reflexividade e na emoção como componentes essenciais de uma prática ética de investigação.
- Uma análise ética de como o desejo influencia a recolha-partilha de dados, como a paixão orienta a tradução, como o amor sustenta a validação, e como a liberdade guia a análise.
- Uma defesa de uma abordagem ética criativa, flexível e relacional na investigação em educação.
As conclusões são particularmente relevantes para investigadores/as, educadores/as e estudantes de pós-graduação envolvidos em investigações qualitativas, bem como para instituições que procuram reforçar os seus enquadramentos éticos na investigação em educação.
Para citar este trabalho:
Freitas, A. (2025). Decision-making in narrative inquiry in education: ethical gathering, transcription, validation and analysis of lived experiences. International Journal of Research & Method in Education, 1-16. https://doi.org/10.1080/1743727X.2025.2543261
Para aceder ao texto completo contacte o autor andre.freitas@ulusofona.pt
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