
150 anos depois: justiça para Mendel
"Mendel foi ignorado quase toda a sua vida", quem o disse foi João Richau
02.04.15 - 00h00"Mendel foi ignorado quase toda a sua vida", quem o disse foi João Richau na tertúlia que reuniu, no passado dia 27 de março, um grupo de convidados que comemorou os 150 anos da apresentação dos trabalhos de Mendel.
Era preciso desfazer uma injustiça. O auditório Armando Guebuza vestiu-se a rigor para receber os sete homens que aceitaram conversar sobre o trabalho desenvolvido - e pouco conhecido - de Gregor Mendel.
São poucos os que sabem que Mendel é o pai da genética. Através das experiências com ervilhas-de-cheiro, ou, para os entendidos na matéria, as Pisum Sativum, formulou as conhecidas leis de Mendel a 8 de março de 1865. Mendel fea as suas pesquisas no jardim do mosteiro agostiniano em BrÜno, Alemanha, onde viveu depois de ser ordenado sacerdote.
João Ramalho, professor da Faculdade de Engenharia da Lusófona fez as honras da casa e foi o primeiro a ter a palavra. Ansioso, contou a história de Mendel quase como se fossem amigos e admitiu tê-lo como inspiração."Muitos seguiam-no como professor", disse o docente assegurando que também gostava "de colaborar com alunos".
Para Carlos Poiares, as tertúlias não são novidade. Apesar de não ser especialista na área a que Mendel se dedicou fez o alerta a todos os presentes para que reconhecessem "o peso das teorias". Ao assinalar o momento, o vice-reitor da Lusófona, sublinhou que passados cento e cinquenta anos "ainda há muito para fazer" e que as ciências "duras" não devem estar "de costas voltadas" mas antes interligadas.
Patentear a genética
Arsénio Fialho, professor no Instituto Superior Técnico, usou a genética trabalhada por Mendel como temática e centrou-se na questão da propriedade intelectual do material biológico.
"O genoma, ou a informação genética de cada um, pode tornar-se público?". Foi a pergunta que fez aos presentes. Será ético o médico ter o poder de evitar doenças a longo prazo caso a informação esteja disponível numa base de dados?
A ética é assim "colocada em causa" mas é a Mendel que se devem temas "polémicos" como este, completou Richau.
Quando as ciências se cruzam
José Feijó, da Universidade de Lisboa, escolheu fazer uma apresentação bem-disposta centrada em dois grandes do mundo científico: Gregor Mendel e Charles Darwin. Para o investigador Mendel - na área da genética - e Darwin - na área da evolução das espécies ¿ tiveram uma "contribuição importante e cruzada" para os dias de hoje.
Lamentou ainda o facto de Darwin ser lembrado "ao longo do ano e em vários países" e que Mendel seja constantemente "ignorado". A opinião de Feijó acabou por ir ao encontro da ideia defendida por Richau em que disse que Mendel "foi ignorado quase toda a sua vida mas hoje fez-se justiça".
As leis, essas, foram "um virar de página" para todos, terminou Feijó.
Patrícia Franco
Redação LOC
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