KPOP – Mais que um Fenómeno Musical, uma Máquina Económica

Notícia com autoria de:

Ana Azevedo
Estudante de 3.º ano da Licenciatura em Ciências da Comunicação
Artigo produzido no contexto da disciplina: Técnicas de Escrita Jornalística.

O fenómeno musical do KPOP passa de ser ocorrência regional a alcançar registo incrível de sucesso internacional, tornando-se uma força cultural e económica global. Com especial referência ao grupo BTS, ao longo da última década, a indústria musical sul-coreana começa a cativar público em todos os cantos do mundo, sendo denominada como um dos principais motores económicos da Coreia do Sul. Este sucesso internacional começa, assim, a ter um impacto direto no crescimento do turismo, interesse cultural e reconhecimento internacional do país.

Segundo a fonte Hyundai Research Institute, entre os anos de 2014 e 2023, somente o grupo sul-coreano BTS estimou um impacto económico de 27 mil milhões de euros. Frisando o ano de 2018, a banda gerou, aproximadamente, 3,4 mil milhões de euros, equivalendo ao valor de receita de 25 empresas conjuntas. Para além disto, um único concerto da banda poderá projetar ganhos de 850 milhões de euros na economia local, com gastos dos fãs em alojamento, turismo, transporte e merchandising. Na verdade, o KPOP ultrapassa, agora, a designação de "fenómeno musical", sendo este uma "porta de entrada" naquela que é a cultura sul-coreana. Mariana, de 25 anos e Marta, de 21 anos são exemplos disso mesmo. Marta partilha que "os BTS foram quem me fez entrar no mundo do KPOP." Comecei a gastar imenso dinheiro em álbuns, "merch" e, ainda, investi em aprender a língua coreana".

Por sua vez, Mariana admite que o fenómeno abriu o caminho para o descobrir de novos interesses "para além do KPOP, entrei no mundo dos dramas coreanos. Trouxe-me imensas curiosidades culturais e fiquei com muita vontade de viajar e conhecer o país pessoalmente". No entanto, para além impacto enorme dos BTS, outros grupos de KPOP tem vindo a ganhar o mesmo destaque internacionalmente, continuando, dessa forma, a expansão contínua do fenómeno. São exemplos grupos como Blackpink e TWICE, grupo que se apresentará, pela primeira vez, em Portugal em 2026. De forma a perceber a expansão do entusiasmo por outros grupos do estilo KPOP foi conduzida uma entrevista com um fã, Rui, de 26 anos, que ganhou a batalha na compra dos bilhetes para o tão aguardado concerto das TWICE.

Entre os milhares sortudos, Rui admite "esperei muito muito tempo para ver as TWICE ao vivo, estive desde madrugada no site para conseguir os bilhetes". Quanto às expectativas pelo concerto, o jovem admite "são enormes, sou fã desde 2017, tendo acompanhado todo o crescimento delas". Para além dos gastos no concerto, Rui afirma "tenho todos os seus álbuns, coleciono até acessórios à venda com o tema do grupo […] admito que não é a atividade mais económica". Desta forma, o concerto das TWICE parece ser algo imperdível para este jovem. Têm, da mesma forma, conquistando várias audiências a nível global, consolidando o KPOP como algo dinâmico e duradouro, estando em constante reconstrução e reinvenção. Este crescimento implementa o KPOP como um grande motor para a economia e diplomacia cultural da Coreia do Sul, garantindo que o mesmo se encontrará atual nos próximos anos. É o envolvimento dos fãs que tem contribuído para a internacionalização deste fenómeno.

Como demonstra Kim Su-Jin da Ewha Womens University, numa entrevista "quanto mais os fãs [...] veem o grupo como amigos próximos, mais próximos sentem a Coreia como país" (The Dong-A Ilbo, 2022). Em concordância, referindo o possível regresso dos BTS em 2026, Chae Jee Young, do Korea Culture & Tourism Institute, sublinha "a paixão dos fãs [...] vai ressurgir, e isso poderá criar um impacto maior do que antes" (Channel News Asia, 2024). O crescimento deste fenómeno é acompanhado pelo crescimento constante e notório da presença digital do KPOP, atingindo um total de 600 mil milhões de visualizações em plataformas como TikTok, Youtube e Spotify.

Com este impacto digital, KPOP continua a reinventar-se, tornando-se uma identidade, comércio e cultura. Segundo Lee Jang-woo, da Kyungpook National University na notícia de Dong Sun-hwa, "Eles usam as redes sociais de forma inteligente para atingir públicos globais e criam conteúdos inovadores [...]" (The Korea Times, 2021). Quer seja pelos ritmos contagiantes, pelas coreografias que todos desejam replicar ou pelas histórias inovadoras criadas pela música, o fenómeno musical do KPOP mostra que veio para ficar. KPOP é, assim, para além de uma força musical, um verdadeiro motor económico e cultural.