Cine Bárbaras promove reflexão sobre cinema, memória e feminismos na ULusófona
Do debate académico à ação prática, a conferência promove reflexões sobre género, memória e representatividade no cinema contemporâneo
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A 1ª edição do Cine Bárbaras – Conferência Internacional de Cinema e Audiovisual decorreu na ULusófona - Centro Universitário do Porto nos dias 23 e 24 de outubro de 2025, reunindo investigadores, docentes, estudantes e profissionais das áreas do cinema e do audiovisual em torno de um diálogo sobre género, cinema e resistência. A conferência - da organização da XX Element Project – Associação Cultural e do Porto Femme – Festival Internacional de Cinema — teve como propósito ampliar a visibilidade de quem se dedica ao estudo e à prática de questões de género, feminismo e representatividade no cinema.
Rita Capucho, fundadora e co-diretora do Porto Femme, e Carla Cerqueira, Diretora do Doutoramento em Comunicação e Ativismos da ULusófona - Centro Universitário do Porto e Investigadora do CICANT, foram as responsáveis por abrir a 1.ª edição desta Conferência Internacional de Cinema e Audiovisual.
Rita Capucho começou por explicar que o Cine Bárbaras nasceu “da vontade de criar um espaço de encontro entre as pessoas da academia e as pessoas que fazem cinema”, reforçando a importância de dar visibilidade ao trabalho de investigação sobre género e agradecendo à Universidade Lusófona por acolher o evento. A fundadora do Porto Femme sublinhou, ainda, que esta é “a primeira de muitas edições” e que o objetivo é fazer o Cine Bárbaras viajar por outras cidades e universidades, promovendo a continuidade das discussões iniciadas no Porto.
Já Carla Cerqueira evidenciou “a importância de criar história em tempos difíceis”, num contexto em que movimentos antifeministas voltaram a ganhar força e realçou o valor de reunir tantas vozes e perspetivas distintas no mesmo espaço.
Uma das características deste evento é que o mesmo contou com sessões plenárias, workshops, sessões paralelas e a ainda mostra de um documentário. Nestas sessões paralelas foram mostrados e debatidos trabalhos, cujos critérios de seleção foram rigorosos, segundo a docente Carla Cerqueira, pois “cada um dos trabalhos foi revisto por dois investigadores da área” e foi tido em consideração “a questão do rigor, da inovação, das metodologias” e “das conclusões do quadro teórico”, para existir mais diversidade.
A 1º sessão plenária, intitulada “Pós-Memória e Coletividade: diálogos sobre Cinema, Identidade e Pertença”, foi moderada por Vanessa Ribeiro-Rodrigues, docente e investigadora da Universidade Lusófona e contou com as intervenções de Sheila Khan, também docente e investigadora da Universidade Lusófona, e Miriam Nogueira Tavares, da Universidade do Algarve.
Vanessa Rodrigues apresentou as oradoras e lançou a pergunta que guiou a reflexão: “Por que incomodar a história?”. A partir dessa provocação, Miriam Nogueira Tavares abordou o conceito de “cinema de contrapartida”, destacando o trabalho de realizadoras brasileiras como Anna Muylaert e Eliane Caffé, que constroem um cinema afetivo e político, atento às narrativas orais e às histórias invisibilizadas. Já Sheila Khan refletiu sobre as heranças coloniais e o silenciamento das mulheres na história, afirmando ter sido “educada a não incomodar”, e defendeu a necessidade de resgatar as memórias feridas do passado como ato de resistência e partilha.
No primeiro dia da conferência realizou-se, também, o workshop “Manual de Boas Práticas no Cinema em Ação”, dinamizado pelas docentes Ana Sofia Pereira, da Universidade Lusófona, e Camila Lamartine, da Universidade Nova de Lisboa, que envolveu os participantes em atividades colaborativas e reflexões sobre a ética e a igualdade de género no audiovisual. A Workshop reforçou o compromisso do evento em aproximar teoria e prática, transformando a discussão académica em ação concreta.
Ainda no dia 23 de outubro decorreram várias sessões paralelas em português e em inglês - “Women Filmmakers & Feminist Histories”; “Feminismos no Cinema e no Audiovisual: Corpo, Violência e Heroínas”; “Violence, Trauma & Ethics of Representation”; e “O Cinema e as Cineastas: Arquivo e Memória”. Terminando, com uma sessão de Cinema Documental, com o filme "Feminismos: A Liberdade de Ser", da autoria de Ana Sofia Pereira e Vanessa Ribeiro Rodrigues.
O segundo dia da conferência, 24 de outubro, iniciou-se com a sessão plenária com Skadi Loist, investigadore da Norwegian University of Science and Technology (NTNU), que abordou a importância de promover uma indústria cinematográfica sustentável e inclusiva. A oradore destacou o papel da investigação e da formação contínua na construção de políticas mais equitativas no setor audiovisual europeu, defendendo que “a diversidade é um fator de inovação”.
Ao longo do dia decorreram mais sessões paralelas, que abordaram questões como interseccionalidade, ética da representação e representações femininas no audiovisual. Entre eles, destacou-se o “Painel 8 – Teorias Feministas: Memórias & Resistência”, que contou com a participação de docentes da Universidade Lusófona, como Ana Sofia Pereira, Carla Cerqueira, Célia Taborda e Vanessa Ribeiro-Rodrigues.
Neste contexto, o Painel 8 – Teorias Feministas: Memórias & Resistência, moderado pela docente Manuela Matos Monteiro, destacou que ciência, arte e ação devem caminhar lado a lado para gerar conhecimento crítico e transformador.
A 1ª edição do Cine Bárbaras - Conferência Internacional de Cinema e Audiovisual chegou ao fim com um sentimento de continuidade e compromisso. Entre partilhas, memórias e vozes plurais, o evento reafirmou o papel da Universidade Lusófona como espaço de debate, resistência e criação de novas narrativas no campo do cinema e da igualdade de género
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Gabriel Motta
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Lara Sousa
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Paulo Renato
Edição
Lara Sousa
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