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O mal banalizado alimenta o terror

D. Manuel Clemente alerta: "grandes tragédias começaram com trivialidades".

22.12.15 - 00h00

D. Manuel Clemente alerta: "grandes tragédias começaram com trivialidades"

Os jovens europeus que combatem pelos fundamentalistas do autoproclamado Estado Islâmico, apesar de nascidos na sociedade ocidental, "são mal integrados, marginalizados", considera o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. Vivem "um multiculturalismo que tem muito que se lhe diga, porque não integra, mas separa cada um para o seu gueto".

Após os atentados de Paris a 13 de novembro, o tema escolhido pelo Instituto de Serviço Social da Universidade Lusófona para marcar a abertura do ano letivo, a 28 de setembro, redobrou a atualidade. D. Manuel Clemente foi convidado a dar uma aula aberta sobre "A Banalização do Mal".

Como tudo começa

O auditório Armando Guebuza foi pequeno para o número de interessados em ouvir as palavras do cardeal-patriarca de Lisboa. D. Manuel Clemente alertou os jovens para os perigos do extremismo religioso, aludindo às campanhas de recrutamento do autoproclamado Estado Islâmico. Factos históricos, muitas vezes parte de um passado distante, são usados como "pretexto para a Jihad, para praticarem atrocidades", afirmou.

Um outro problema a ter em conta é a forma como as grandes cidades se encontram hoje organizadas. Para D. Manuel Clemente, a "grande aglomeração de pessoas cria guetos, porque, quando as pessoas estão muito juntas, acabam por desconfiar do próximo em vez de se unirem".

Perigos do horror vulgarizado

O cardeal-patriarca de Lisboa fez uma contextualização histórica acerca da banalização do mal, recuando até à II Guerra Mundial. "No pós-guerra, as imagens do holocausto e das atrocidades cometidas foram tão divulgadas que acabaram por se tornar vulgaridades", afirmou. Esta vulgarização "trouxe insensibilidade quando devia comover ou escandalizar as pessoas". O holocausto transformou-se, assim, num "dos maiores exemplos de banalização do mal".

D. Manuel Clemente demonstrou esta teoria com a história de Oskar Gröning, um guarda das forças SS nazis, responsável por enviar o dinheiro dos prisioneiros de Auschwitz para Berlim. "Gröning rejeitou a ideia de holocausto, reduzindo as atrocidades a simples formas de fazer guerra", ou seja, "o que se passava no campo de concentração banalizou-se na mente de Gröning, retirando-lhe importância", explicou.

Serviço Social como arma de combate

Contra a banalização do mal, o cardeal-patriarca de Lisboa destacou o papel do Serviço Social. Este "deve potenciar a dignidade humana e combater a trivialidade", uma vez que as "grandes tragédias da humanidade começaram com trivialidades". E dá um exemplo: "a II Guerra Mundial começou após uma sucessão de eventos que pareciam compreensíveis".

João Alves

Redação LOC

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