Alimentar um erro é escolher fazer parte do problema
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Carla Rodrigues Cardoso
“Estado de bem-estar e equilíbrio físico, mental e psicológico”, lê-se na definição de “saúde” do dicionário Priberam.
Se a definição de saúde é aquela que se encontra acima, por que razão se insiste na designação “saúde mental”? Mais ainda, as doenças mentais não são físicas? Não têm por base questões fisiológicas?
Pensemos. Existe medicação para doenças neurológicas? Sim. Para doenças venosas? Sim. Para doenças dermatológicas? Também. E para doenças psiquiátricas? Pois, também...
Um medicamento não é uma panaceia. É um princípio ativo que produz efeitos. Trata problemas reais, que são físicos. Sejam eles de que natureza forem. Invisível não significa inexistente. Ou alguém duvida de uma doença cardíaca pelo facto de não ver o coração afetado?
Sempre que se fala de “saúde mental” acrescenta-se uma gota ao estigma que envolve as pessoas com doenças perenes ou pontuais do foro psiquiátrico. Um estigma que não existe quando a doença é de qualquer outro campo da medicina. Um estigma absurdo, mas de tal forma enraizado, social e culturalmente, que se naturalizou.
Existe saúde e existe doença. E é só. Cada palavra que pronunciamos é uma ação que desenvolvemos. Insistir num erro contribui para que este se replique e perdure. De futuro, só saúde, por favor.
Carla Rodrigues Cardoso
Professora Associada (ECATI)
Coordenadora Científica do MagLab (CICANT)
Universidade Lusófona - Centro Universitário de Lisboa