Estudo da ULusófona revela que letras de músicas tornaram-se mais negativas

As letras das músicas populares nos Estados Unidos tornaram-se progressivamente mais simples, negativas e carregadas de stress ao longo das últimas cinco décadas. A conclusão é de um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade Lusófona, através do CICANT – Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias, que analisou mais de 20 mil canções do Billboard Top 100 desde 1973.

Segundo a investigação, verifica-se uma diminuição significativa da complexidade linguística das letras, acompanhada por um aumento de palavras associadas a emoções negativas, como tristeza, raiva e demonstrativos de tensão psicológica. Em contraste, termos ligados a sentimentos positivos, como alegria ou amor, surgem com menor frequência ao longo do tempo.

Os investigadores sublinham que estas tendências não estão diretamente relacionadas com variações económicas, como o rendimento médio da população. No entanto, momentos de grande crise social e global, como os atentados de 11 de setembro de 2001 ou a pandemia da COVID-19, coincidem com períodos em que as letras se tornam temporariamente mais positivas e complexas.

Segundo o estudo, este fenómeno sugere que a música desempenha um duplo papel na sociedade: por um lado, reflete o estado emocional coletivo e, por outro, funciona como uma forma de escape em períodos de maior incerteza e stress social.

A investigação do CICANT tem sido destacada por vários meios de comunicação internacionais, reforçando a relevância do contributo científico da Universidade Lusófona para a compreensão da relação entre cultura popular, saúde mental e contexto social.