Conversas entre Pares do LabCLIP debatem a crítica das literaturas africanas

No dia 15 de dezembro realizou-se a primeira sessão das Conversas entre Pares, uma iniciativa do Laboratório de Pós-Estudo da Comunidade Intercultural de Língua Portuguesa (LabCLIP), integrado no CICANT. O encontro teve lugar presencialmente na sala do CICANT, na Universidade Lusófona – Centro Universitário Porto, e decorreu, também, em formato online, permitindo a participação de investigadores e estudantes de diferentes contextos académicos e geográficos.

As Conversas entre Pares LabCLIP tem como objetivo criar um espaço de diálogo, debate e partilha entre investigadores, estudantes, artistas e outros profissionais interessados nas culturas de língua portuguesa, a partir da apresentação de projetos de investigação em curso. A conversa inaugural foi subordinada ao tema “A reflexão social no advento da crítica das literaturas africanas de língua portuguesa” e teve como convidado o professor e investigador Ubiratã Souza, da Universidade de São Paulo (USP), cujo trabalho se tem centrado essencialmente nas literaturas africanas de língua portuguesa.

Na sua intervenção inicial, Ubiratã Souza apresentou os eixos centrais do projeto de investigação que coordena atualmente, propondo uma reflexão teórica e histórica sobre a genealogia da crítica literária das literaturas africanas em língua portuguesa. O investigador problematizou a construção de uma ideia de “África” no discurso crítico, sublinhando o seu carácter frequentemente exógeno e os efeitos dessa construção na leitura e interpretação das obras literárias.

Ao longo da exposição, foram abordados diferentes momentos e correntes da crítica literária, desde as décadas de 1940 e 1950, às tensões ideológicas entre leituras anticoloniais, até às perspetivas alinhadas com os ideais do Estado Novo e às abordagens de carácter formalista. O investigador analisou ainda o papel de figuras e projetos editoriais marcantes, bem como os impactos das independências africanas na consolidação de cânones literários de matriz nacional, chamando a atenção para textos e autores que ficaram à margem dessas narrativas dominantes.

Após a apresentação, seguiu-se um momento de debate em que participantes presenciais e online puderam colocar questões, comentar as ideias expostas e estabelecer pontos de contacto com as suas próprias áreas de investigação e criação artística. Este momento permitiu aprofundar a discussão sobre os pressupostos críticos associados às literaturas africanas e refletir sobre a diversidade de práticas literárias que desafiam leituras estereotipadas ou homogéneas.

A sessão marcou assim o início de um ciclo de encontros que pretende fortalecer a troca interdisciplinar e contribuir para uma compreensão mais plural e crítica das culturas de língua portuguesa, reforçando o papel do LabCLIP e do CICANT enquanto espaços de produção e circulação de conhecimento aberto à comunidade académica e artística.

Texto
Bruna Pereira

Vídeo
Lara Sousa