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Até onde nos levam os algoritmos?

05.07.22 - 10h55

Carla Rodrigues Cardoso


"Preciso de comprar uns sapatos", pensou. E se bem o pensou, mais depressa pesquisou no Google o modelo que procurava.

No dia seguinte, entrou no motor de busca para ir ao Facebook. E, repentinamente, anúncios a sapatos em tudo semelhantes aos que tinha visto no dia anterior, apareceram compassadamente, como que por magia. E no dia seguinte, também. E duas semanas depois. Cada vez mais espaçadamente. Quando já nem se lembrava deles, lá surgia outro pop-up, como quem não quer a coisa...

A Internet é aberta e permite conhecer novas realidades de forma ilimitada? Ou fecha-nos numa bolha em que nos repete o que conhecemos? Sempre que pesquisamos e construímos a nossa pegada digital deixamos pistas sobre o que gostamos, procuramos, desejamos. Em cima dessas pistas, trabalham os algoritmos - esses seres sem corpo, matemáticos, calculistas, que contabilizam quantas vezes determinada palavra-chave é procurada, que sites visitámos, onde clicámos e durante quanto tempo nos demorámos em cada paragem online. Depois, as operações que fazem devolvem-nos novas fontes de desejo coincidentes com as que exprimimos anteriormente.

Resultado? Mais do mesmo. Isolamento no que somos, no que (pensamos que) queremos, em torno do nosso umbigo. Onde fica o desconhecido, o que é novo, os outros gostos, as outras pessoas? Muito longe, cada vez mais longe, a cada pesquisa digital que efetuamos.

Diretora da Licenciatura em Comunicação e Jornalismo
Investigadora do CICANT - ECATI
Coordenação Geral da Redação LOC

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