
As Revoluções da Revolução: ULusófona Analisa os 50 Anos do 25 de Abril
A coletânea reflete um ano de trabalho conjunto sobre as mudanças sociais, políticas e económicas dos 50 anos da Revolução dos Cravos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
No dia 3 de junho, convidados e estudantes da Universidade Lusófona puderam assistir ao lançamento oficial da coletânea As Revoluções da Revolução, das Edições Universitárias Lusófonas. Numa cerimónia que decorreu nas novas instalações do Campus Universitário do Porto, a obra foi apresentada como o resultado de um ano de trabalho colaborativo entre estudantes, docentes, profissionais e membros da comunidade. A iniciativa, promovida pela Faculdade de Ciências Económicas, Sociais e da Empresa (FCESE), surge no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, reunindo diferentes olhares sobre as profundas transformações sociais, políticas e económicas vividas em Portugal desde a Revolução.
Durante a sessão, estudantes ligados ao projeto tiveram a oportunidade de relatar a sua experiência e as suas aprendizagens neste trabalho conjunto. Carolina Antunes, estudante de Serviço Social, realçou que esta coletânea valoriza o conhecimento partilhado, o pensamento crítico e a construção coletiva de saberes. Durante o seu discurso sublinhou ainda que os volumes lançados são mais do que simples compilações de textos, são espaços onde cada voz encontra expressão e onde o ensino se cruza com a vida real.
Entre enxertos de músicas ligadas à Revolução de 1974 (como Rui de Carvalho), docentes e representantes das Instituições envolvidas na elaboração e promoção da obra também tiveram a oportunidade de discursar. Isabel Babo, vice-reitora para a Internacionalização, por exemplo, destacou que este tipo de projeto representa uma ciência aplicada e viva, próxima das pessoas e das suas histórias.
Já Diana Dias, vice-reitora para a Investigação e diretora do projeto editorial ficou a cargo da apresentação da coletânea. Com visível emoção, partilhou o orgulho em dar corpo a uma obra que reúne testemunhos de transformação e resistência. Durante o seu discurso referiu ainda que a iniciativa, nascida no seio da FCESE, envolveu estudantes de diferentes áreas, sendo elas gestão, turismo, recursos humanos e serviço social e reflete um trabalho interdisciplinar marcado pelo compromisso com a liberdade e a cidadania. Por fim, destacou ainda que a coletânea procura refletir sobre os impactos da Revolução de Abril, mais de 50 anos depois, na esfera pública, política e cultural.
De seguida foram apresentados os quatro volumes temáticos, que pretendem dar voz às “Revoluções dentro da Revolução”, sendo o Volume I – As Revoluções da Revolução em Números, focado na análise quantitativa das mudanças sociais, económicas e políticas ocorridas nos últimos 50 anos; o Volume II – Liberdade, Direitos e Oportunidades, que reúne testemunhos de quem viveu a transição para a democracia e as conquistas associadas à liberdade; o Volume III – Direitos das Mulheres, dedicado às lutas e conquistas femininas, destacando a resistência, a entrada na vida política e laboral e os desafios que ainda persistem e o Volume IV – Políticas Sociais e Serviço Social, que reflete o papel do serviço social na promoção dos direitos humanos, dignidade e justiça social.
Ao longo da sessão, foi sublinhado que o projeto é também um tributo àqueles que lutaram e continuam a lutar pelos direitos humanos, pela igualdade de género e por uma sociedade mais justa.
Teresa Candeias, docente envolvida no primeiro volume, referiu que os números analisados contam histórias reais, e que os indicadores sociais e económicos refletem vidas e trajetórias que não devem ser esquecidas. Ainda durante o seu discurso sublinhou que a estatística, quando bem usada, pode ser um instrumento de transformação social.
Maria Isabel Marques, responsável por coordenar os testemunhos sobre a liberdade e os direitos conquistados, destacou a complexidade de recolher relatos de uma geração marcada pela repressão e pela mudança.
No campo da igualdade de género, Ana Alves salientou a importância de reconhecer o percurso difícil das mulheres antes e depois do 25 de Abril, recordou como, antes da revolução, as mulheres ocupavam papéis secundários e, muitas vezes, eram apagadas da história. A obra presta homenagem a essas trajetórias e à força das mulheres anónimas que construíram, com resiliência, o país democrático que hoje existe.
O volume dedicado ao Serviço Social foi particularmente elogiado por dar voz aos profissionais que lutam diariamente pela dignidade humana. Cristiana Almeida, uma das coordenadoras da obra, destacou o envolvimento dos estudantes do curso, que ultrapassaram o objetivo inicial de 50 entrevistas, reunindo dezenas de testemunhos valiosos sobre o papel do serviço social na construção de uma sociedade mais solidária.
Carolina Antunes encerrou a apresentação dos volumes com palavras de gratidão e orgulho, referindo que a experiência de participar neste projeto foi marcante para todos os estudantes envolvidos.
O evento prosseguiu com a intervenção de Fernanda Rodrigues, bastonária da Ordem dos Assistentes Sociais, que destacou os avanços na formação académica e profissional das últimas décadas.
No final da sessão, Diana Dias reconheceu o contributo do fotógrafo Alfredo Cunha, que cedeu imagens inéditas do 25 de Abril, e da docente e designer Carla Cadete, responsável pela conceção da capa do livro. Por fim, agradeceu ainda a todos os docentes, em especial Cristiana Almeida e Isabel Marques, bem como à administração da faculdade e à reitoria, representada por Isabel Babo, por apoiarem e acreditarem no projeto.
“As Revoluções da Revolução” é, acima de tudo, um testemunho do papel do ensino superior enquanto espaço de transformação social. É uma celebração da liberdade, da memória e da responsabilidade de continuar a lutar por uma sociedade mais informada, justa e democrática.
Fotografia
Catarina Machado
Edição
Catarina Machado e Paulo Renato
Cobertura
Catarina Machado
Notícia
Sofia Pereira
Outras Notícias
- Ciclo de Conferências reforça diálogo em Estudos Lusófonos e Ibero-Americanos
- Desfile de Moda "Fashion Lab" Brilha na Universidade Lusófona - CUP
- EPIC-WE leva videojogos culturais ao centro do debate europeu
- “Feminismos: A Liberdade de Ser” Estreia com Sala cheia e Debate Sobre Igualdade
- Workshop III Creative Ideas Summit