Investigação revela as consequências da violência no período perinatal
Investigação revela o impacto da Violência nas Relações de Intimidade na saúde mental da mãe e no desenvolvimento dos bebés
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
A sessão intitulada de “Violência nas Relações de Intimidade durante o Período Perinatal: Evidência e Orientações para a Prática” decorreu no dia 10 de dezembro, reunindo profissionais de saúde, psicólogos, técnicos da área social, investigadores e representantes institucionais num encontro dedicado à apresentação e discussão de um estudo científico sobre a Violência nas Relações de Intimidade (VRI) durante a gravidez e o pós-parto. O objetivo principal da sessão foi a divulgação dos resultados do projeto de investigação desenvolvido pelo HEI-Lab e refletir sobre como estes podem ser integrados nos sistemas de saúde e de ação social.
O início da sessão contou com a intervenção de Inês Jongenelen, Diretora da Faculdade de Psicologia e Educação e da Escola de Psicologia e Ciências da Vida da Universidade Lusófona, com a intervenção de Rosa Saavedra, em representação da APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima e ainda com a intervenção de Sofia Ramalho, Bastonária da Ordem dos Psicólogos Portugueses, que refletiram sobre sobre a relevância desta temática e estudo.
“Este estudo sobre o impacto da violência nas relações de intimidade no período perinatal vem no decurso da nossa investigação prévia sobre o impacto da violência nas relações de intimidade nas mães e nos bebês”, contextualizou a docente Inês Jongenelen, explicando que persiste “uma lacuna clara no conhecimento sobre a violência durante a gravidez e no período perinatal, bem como sobre os seus efeitos nos bebés mais pequenos”.
A Violência nas Relações de Intimidade é, segundo Rosa Saavedra, uma “realidade pública um pouco invisível”, porque “esta violência é muitas vezes difícil de perceber e identificar”, daí a importância deste estudo.
Para expor o estudo e os resultados obtidos, para além da professora Inês Jongenelen, foi, também, dada a palavra aos docentes Tiago Pinto, Diogo Lameira e Cátia Oliveira.
Este estudo analisou o impacto da exposição à VRI na saúde mental das mães, na parentalidade e no desenvolvimento dos bebés nos primeiros meses de vida. O projeto acompanhou 706 mães e bebés em três momentos - durante o terceiro trimestre, aos dois meses e aos seis meses após o parto -, com participantes recrutadas em hospitais públicos, incluindo o Centro Hospitalar Universitário do Porto, o Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim e Vila do Conde e a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. As avaliações posteriores foram realizadas no Psychopathology & Development Lab da instituição.
Os resultados quantitativos evidenciam que a VRI no período perinatal tem efeitos significativos na saúde psicológica das mulheres. Verificou-se alterações em comportamentos associados à parentalidade, nomeadamente na sensibilidade parental e na expressão de afeto, aspetos essenciais para o desenvolvimento emocional e relacional do bebé.
A investigação incluiu igualmente uma componente qualitativa, centrada na percepção de profissionais de saúde e da área social quanto à identificação e resposta à VRI em contexto perinatal. Os grupos focais revelaram “barreiras na sinalização, dificuldades de articulação entre serviços e necessidade de formação adicional”, questões que têm impacto direto na capacidade de detetar e apoiar mulheres em situações de risco.
Com este estudo, a Diretora da FEP considera “fundamental integrar rotinas de avaliação da violência nas relações de intimidade nas consultas de acompanhamento da gravidez e do pós-parto”.
O encontro terminou com uma mesa-redonda onde profissionais de diferentes setores analisaram e refletiram a relevância destes resultados para a prática profissional, discutindo formas de melhorar a deteção, intervenção e acompanhamento de famílias expostas à VRI. As intervenções sublinharam a importância de aproximar a investigação da realidade dos serviços e de promover respostas articuladas, capazes de proteger as mulheres e promover o desenvolvimento saudável das crianças.
Texto
Bruna Pereira
Vídeo
Lara Sousa
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