Reflexão sobre como a interculturalidade pode tornar os cuidados mais justos, humanos e adequados à diversidade em Portugal
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
A investigadora Hélia Bracons, docente da Faculdade de Ciências Sociais, Educação e Administração da Universidade Lusófona, apresentou recentemente uma reflexão aprofundada sobre o papel das competências interculturais no cuidado e na intervenção social. Tomando como ponto de partida o atual contexto de superdiversidade, marcado pela presença de mais de 1,5 milhões de imigrantes em Portugal. A Docente evidência como a multiplicidade de culturas, línguas e trajetórias exige novas formas de compreender e acompanhar pessoas em situação de vulnerabilidade.
A investigadora sublinha que cuidar e educar são dimensões distintas mas inseparáveis: enquanto o cuidar responde ao presente e às necessidades imediatas da pessoa, o educar prepara o futuro, capacitando profissionais e famílias para uma convivência inclusiva. A competência intercultural envolve componentes cognitivas, afetivas e comportamentais que permitem reconhecer preconceitos, desenvolver empatia e adaptar práticas institucionais. Só assim é possível garantir um cuidado que respeite identidades culturais, rituais, crenças e modos de vida diversos, evitando abordagens etnocêntricas e pouco sensíveis às diferenças.
A investigadora alerta que a falta de mediação intercultural, a rigidez institucional, a escassez de materiais multilingues e os preconceitos implícitos continuam a criar desigualdades no acesso aos serviços e na qualidade do cuidado. Defende, por isso, uma transformação estrutural que inclua formação contínua, comunicação acessível e envolvimento das famílias e comunidades.




